sábado, 17 de outubro de 2009

Fofoquices podem provocar lesões emocionais

Quem faz intrigas sobre a vida alheia quer ter algo de sua autoria, uma obra que se alastre e cresça, que se torne pública e que seja muito comentada. Algo que lhe dê continuidade. É por isso que fofocar é uma tentação. Porque nos dá, por poucos minutos, a sensação de ser portador de uma informação valiosa que está sendo gentilmente dividida com os outros. Na verdade, está-se exercitando uma pequena maldade, não prevista no Código Penal.


Fofocas podem provocar lesões emocionais. Por mais inocente ou absurda, sempre deixa um rastro de desconfiança. Onde há fumaça há fogo, acreditam todos, o que transforma a fofoquice numa verdade em potencial. Não há fofoca que compense. Se for mesmo verdade, é uma bala perdida. Se for mentira, é um tiro pelas costas.

A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Achamos que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás para a frente. Nós deveríamos morrer primeiro e livrarmo-nos logo disso.

Daí viver num asilo, até ser chutado para fora, por estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar novo, o bastante para poder aproveitar a sua aposentação. Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e prepara-se para a faculdade.



Você vai para lá, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, torna-se um bebezinho de colo, volta para o útero da mãe, passa os seus últimos nove meses de vida flutuando. E termina tudo com um óptimo orgasmo! Não seria perfeito?

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