quarta-feira, 4 de novembro de 2009

No Tempo do Tudo e do Nada




Em Matosinhos nada acontece!

Casos de violência doméstica vulgo de faca e alguidar, casos de maus-tratos a idosos ou a crianças, casos de pícaros comendados e descomendados em seguida, casos de fraudes com ou sem ou por paixão, casos de cobiça pelo lugar de outrem, são factos que não acontecem em Matosinhos.

Também não acontecem em Matosinhos situações de exploração do trabalho infantil e do trabalho de emigrantes, situações de fome e de miséria, situações de desemprego e emprego precário, situações de roubo e agressão, situações de toxicodependência, situações de amores, desamores e divórcios cor-de-rosa, situações de atentado aos bons costumes, situações de sexo explícito, implícito ou perversidade mental.

Em Matosinhos, o seu jet-set tem como particularidade principal não se encontrar em festas mundanas, porque as não há, porque não se realizam, porque a crise há muito que para ele chegou e não há dinheiro para estroinices, se é que alguma vez houve jet-set em Matosinhos. Os momentos em que o pretenso jet-set matosinhense convive entre si, são em funerais e nas missas do sétimo dia, porque aqui, onde a cor preta ou cinzenta predomina, não é preciso novas toilettes,  apenas é preciso ter cuidado com o cheiro a naftalina. Pena é que nos funerais e missa do sétimo dia não haja a mesma tradição que a Política portuguesa introduziu nesta Terceira República, a política do croquete e da carne assada.

Em Matosinhos tudo acontece!

Tem uma autarquia que já é a maior empregadora do concelho, que faz empréstimos à banca para pagar juros de anteriores empréstimos bancários, que não consegue captar investimentos públicos e privados, que nas taxas autárquicas cobra os valores máximos permitidos por lei, que destruiu o tecido agrícola, industrial e comercial do concelho, que publicamente anuncia projectos inexequíveis para a cidade e o concelho, enfim, que vai continuar, mas sem o desporto, entregue ao amigo e fiel companheiro homem do desporto até 2013. Aproveitem as colectividades, porque nós já nos perdemos.

Em Matosinhos não se pensa o amanhã. Talvez porque hoje já ninguém acredita que haja um ‘amanhã’ para Matosinhos. O ‘dia seguinte’ é o dia de ontem, o de anteontem e o de antes de anteontem.
O desemprego não pára, a fome multiplica-se, juntando a mais dolorosa, a miséria, aquela encoberta, os pais sofrem e as crianças choram.

As Tapeçarias não se vendem, os Vinhos sofrem de qualidade pelo que não são competitivos, as Amêndoas da Páscoa são arqueologia de sabores, o futuro de Matosinhos é um ‘enigma’.

Em Matosinhos, tudo e nada acontece!

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