Aí temos o PEC - famoso Programa de Estabilidade e Crescimento, versão socretina.
Confesso que não ouvi nada do que Sócrates tinha para dizer ao País, porque, para o mal e para o bem, deixei definitivamente de acreditar numa palavra que seja dita por ele, mesmo arriscando que o homem um dia destes se descuide… e diga uma verdade. Felizmente, não faltam pessoas habilitadas para dissecar todas as medidas que fazem parte do projecto.
Para mim, que entendo tanto de finanças como consta que Cristo entendia, aquilo parece-me mais um saco de aldrabices, cheio de reais aumentos de sacrifícios para os portugueses, sobretudo, para aqueles que vivem dos seus salários ou reformas, a somar aos sacrifícios que já faziam. Parece-me a capitulação de um governo alinhado com os interesses do grande capital e de cócoras perante as exigências dos países europeus mais poderosos.
Os do costume safam-se como é costume. Enquanto os grandes grupos económicos, ancorados na banca, que em alguns casos usam a seu bel-prazer, têm milhões e milhões de lucros, lucros esses que nunca deixaram de ter mesmo no pico da crise, as micro, pequenas e médias empresas, que garantem a esmagadora maioria dos postos de trabalho e do que ainda por cá se produz, são sufocadas pela concorrência desleal e implacável desses gigantes económicos e pelo garrote imposto por essa banca. Enquanto se destrói o tecido produtivo nacional, grandes “empresários” fazem milhões na venda a retalho de produtos importados.
Como disse, nada sei de finanças. Daí não conseguir entender porque raio é que 2013 é uma data sagrada para se conseguir essa ficção dos 3% de défice. Primeiro e porque esmagar os trabalhadores não vai ser suficiente, só chegarão a esse número "mágico" neste tão curto espaço de tempo, “martelando” as contas, escondendo despesas, cortando investimento público necessário, inventando receitas extraordinárias até já não sobrar nada para privatizar e vender aos amigos, alguns dos quais pedirão à banca pública o dinheiro que precisarem para comprar bens e empresas que ainda estão nas mãos do Estado... como já tem acontecido.
Não sabendo nada de finanças, acabei por me fixar num pormenor que não dará ao Ministro Teixeira dos Santos o Nobel da Economia, mas, quem sabe... o da Física, ou mesmo o da Pouca Vergonha na Cara. É que, mesmo sabendo nós que o facto de a água aumentar de volume quando é congelada é uma excepção, o nosso ministro consegue ainda assim duas proezas de monta que nunca tinham sido vistas, pelo menos feitas com dinheiro:
1. Congela os salários dos trabalhadores da Função Pública... e estes ficam mais pequenos.
2. Embora afirmando que até 2013 as possíveis actualizações dos salários serão feitas abaixo dos valores da inflação, mesmo assim chama a isso “aumentos salariais”.
Como digo, isto deve ser “material” para Nobel... mas de quê?...
terça-feira, 9 de março de 2010
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