Antes de mais quero esclarecer que considero os autarcas, de entre todos os políticos no “activo”, aqueles que são humanamente mais interessantes. A partir do número dois ou três das listas, quase só se vêem pessoas a quem o que falta, por vezes, em preparação política teórica, sobra em boa vontade, em desejo sincero de trabalhar pelas suas terras e pelos seus conterrâneos. É um fenómeno que movimenta milhares de portugueses por todo o país, uma realidade que tem feito milagres pelo espírito de participação democrática dos cidadãos. Mesmo entre os cabeças de lista, Presidentes de Municípios ou de Juntas de Freguesia, apesar de praticamente só serem notícia as “maçãs podres”, a verdade é que a esmagadora maioria é gente boa.
Tentar repor algum do financiamento que tinha sido sub-repticiamente retirado ao poder local, aumentando as verbas para pagamentos aos autarcas das Juntas é de toda a justiça, para além de ser uma ninharia, por comparação com os desperdícios, gastos sumptuários (e outros ainda mais injustificáveis) feitos pelo Governo...
Neste contexto, a classificação desta verba como «money for the boys», zurrada em pleno Parlamento por este ministro das finanças, que de quando em vez, gosta de se armar em arruaceiro, é profundamente ofensiva para os autarcas e para o poder autárquico democrático.
É um insulto gratuito, feito a mulheres e homens eleitos pelos seus pares, por um tecnocrata que - pelo menos para ministro - não foi eleito por ninguém.
Quando assisti ao triste episódio, mesmo assim ainda pensei que é uma coisa boa (e uma grande sorte para alguns) o bom feitio dos portugueses em geral e dos deputados em particular, no meio dos quais até se encontram alguns autarcas.
Noutros parlamentos que todos temos visto mais do que uma vez, esta cena teria provocado uma “remodelação”... não direi do Governo, mas pelo menos, da cara do Ministro.
sábado, 13 de março de 2010
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